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Quando a dor é maior


Nessas minhas pesquisas, acabei encontrando esse texto, que merece ser compartilhado.




Dor! Dor da indiferença, do desprezo, do abandono, da perda. Com certeza são dores que fazem sangrar mais que qualquer ferida.
Faz nos sentir sem valor, diminuídos, sem energia ou forças sequer para respirar, e o pior, faz nos sentir seres indignos de receber amor.
Coloca ainda em risco nossa saúde mental, levando-nos muitas vezes a acreditar que nunca a tivemos. Ficamos sem rumo, sem o chão para nos apoiar, porque quase sempre não temos com quem contar, um ombro para chorar. Auto-estima e amor-próprio não fazem mais parte de nossos sentimentos. Perde-se o controle das palavras, das ações e até de si mesmo.

O desejo racional nestes momentos raramente coincide com o desejo emocional. A razão pede para ir embora e a emoção pede para ficar, com o desejo enorme de encontrar alguém que venha nos salvar. Espera-se que alguém tire essa dor que dilacera tudo por dentro. Pura ilusão, pois a única pessoa que pode fazer algo por você, melhor que qualquer outra pessoa, é você mesmo, mesmo que se sinta incapaz para isso.

A melhor forma de nos frustramos é esperarmos que alguém mude ou faça o que esperamos. Quando somos levados apenas pelas emoções, parece que perdemos o controle e não conseguimos discernir mais o certo e o errado. As emoções não obedecem à razão. O que fazer então, quando o conflito é gerado por tantos sentimentos?

É preciso neste momento tentar descobrir a causa da dor. Se continuar chorando, gritando, controlando, cada vez mais ficará com a dor que tanto machuca. Deve-se também buscar a certeza de qualquer atitude que vá tomar, para que não transforme o conflito em mais sofrimento ou arrependimento, muitas vezes impossível de ser transformado.

Por mais que possamos responsabilizar alguém por nossas dores, somos nós mesmos que a causamos ao permitirmos que tal situação permaneça. Podemos culpar pais, irmãos, namorados, chefes, mas isto nada adianta. A dificuldade está dentro de cada um de nós por não conseguirmos mudar os fatos, que por vezes podem ser difíceis de serem aceitos.

É a interpretação que damos aos acontecimentos e situações que nos leva ao sofrimento. É quando esperamos algo que nunca vai chegar. Vale lembrar da Oração da Serenidade, adotada pelos Alcoólicos Anônimos no mundo inteiro:

Já chorou tudo o que tinha para chorar, agora é hora de sair da posição de vítima, que não nos permite sair do lugar e tornar-se responsável pela própria vida. Chega de lamentações. Muitos machucam aos outros e a si mesmo para conseguir o que esperam, fazendo de tudo para resgatar o que um dia acreditou.

É claro que muitas vezes alguém pode realmente tê-lo machucado, porém isto não deve servir de pretexto para manter o que tanto machuca. Ninguém está livre de problemas e nem das contrariedades da vida, mas manter tudo isto ou não só depende de cada um de nós. Se uma situação é intolerável, se você se sente desprezado, rejeitado, por que manter tal situação?

Não é preciso perder sua saúde mental para só depois tentar fazer algo. O momento de reagir é agora, enquanto há o mínimo de forças. É preciso compreender que as soluções estão dentro de nós e não em outra pessoa ou situação externa. É importante às vezes sairmos fora de nós mesmos e observarmos a situação como se estivéssemos assistindo a um filme, para então podermos colocar luz onde é só escuridão.

É sua responsabilidade fazer algo para melhorar. Não espere que o outro te dê amor, carinho, atenção, colo, te faça se sentir importante, você é quem deve se dar tudo isso. Devemos aprender a aceitar o que não pode ser mudado, aprender que não podemos colocar sentimentos dentro de alguém e muito menos, colocar nossa capacidade de amar nas mãos de alguém.

Não é porque o outro não valoriza o que você é e faz que tudo isso não tem importância. Tem sim e muita. O outro é que não tem sensibilidade para perceber seu real valor. Então para quê continuar uma situação que machuca e te enfraquece tanto?

Tudo o que temos é o dia de hoje e dependerá de você vivê-lo da forma mais harmoniosa possível. Sua força vem de você e da construção de relacionamentos saudáveis com as outras pessoas e com você. As feridas podem e devem se cicatrizar, mas não permita que essa dor que dilacera e destrói tudo por dentro permaneça te fazendo desistir de você e de viver.

Lembre-se: amor, atenção, carinho e amizade não se pede. Apenas se recebe.

Por:
Rosemeire Zago 
Psicóloga clínica com abordagem jungiana

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