Essa era a minha Juju. Uma gata muto linda e especial, que um belo dia resolveu me escolher como sua dona e amiga. Vivemos um período curto bem juntinhas. Foi muito amor partilhado entre nós duas e minhas lágrimas já estão rolando, apenas de contar sobre ela e de ver as fotos. Quase um ano que ela se foi, e continuo morrendo de saudades.
Um dia, quando eu retirava o carro da garagem, a Juju veio correndo, parecia sorrir pra mim. Desci para fechar o portão e ela veio logo esfregar a cabecinha em um dos meus pés. Foi amor a primeira vista. Isso se repetiu por aguns dias, da mesma maneira: eu retirava o carro da garagem, lá vinha a Juju toda contente me encontrar.
Acabamos adotando essa gata linda, eu e um dos meus irmãos. Levamos na veterinária, porque ela apresentava problemas de pele, tipo sarna, estava muito fraca, magrinha, e com poucos pelos. Foi tratada, medicada, alimentada e se acomodou na minha varanda. Meu irmão que ia ficar com ela, por ter um bebê pequeno, resolveu deixá-la comigo. Nunca tinha tido contato com uma gata tão dócil, carinhosa assim como ela era. Os vizinhos eram apaixonados por ela, às vezes pediam para que eu deixasse a Juju um pouco nas casas deles.
Cuidei dessa bichinha como quem cuida de um filho muito amado. Não deu tempo de castrá-la. Logo ela apareceu gravidinha, porque sempre dava umas voltas pela rua. Não tinha o hábito de ficar presa, dentro de casa. Ficou mais lindinha ainda, cada dia mais redondinha, chegava a rolar quando corria ou quando se lambia. Morríamos de rir, ela perdeu o equilíbrio, de tão gordinha que ficou. Ela adorava esfregar a lateral da sua cabeça, nos meus pés e me acordava todos os dias, miando bem baixinho na janela do meu quarto. Ela subia no capô do carro e colocava a cabeça bem rente a minha janela. Todo santo dia, a Juju me acordava às seis da manhã, pedindo a sua ração e água.
Foi assim até que Julieta teve suas bebês. Procurei informações como deveria preparar a caixinha maternidade. Consegui uma caixa grande, forrei, com jornais e toalhas de banho usadas e limpas, mas ela preferiu ter os filhotes dentro de algumas gavetas de um antigo armário (que eu ia doar), que estavam no canto da varanda. Na madrugada do dia 29 de setembro nasceram três filhotes, muito iguaizinhos. Ela era a mamãe mais cuidadosa que já vi. Transferi Juju e seus filhotes para a caixa, bem quentinha, protegi do frio e da luz e ficava horas ali, bem pertinho, observando como ela cuidava dos gatinhos.
No dia o4 de outubro, Dia de São Francisco de Assis, Juju acordou muito estranha. Ela miava muito, estava inquieta, queria muito entrar em casa. Eu e meus filhos fizemos carinho nela e voltamos com ela pra caixa, para que ela pudesse cuidar dos filhotes. Ela continuava estranha, parecia adivinhar o que ia acontecer.
Por volta do meio dia, saí para buscar um dos filhos na escola, e quando retornei, uns quinze minutos depois, a rua já estava cheia de gente, de vizinhos, e não tinha percebido ainda o que tinha acontecido. Eu, assustada não conseguia ver e segui ainda por alguns metros com meu carro. Quando olhei pelo retrovisor, vi a Juju estendida no meio da rua, e em desespero, nem consegui estacionar o carro, deixei as portas abertas, motor ligado, desci gritando pela rua, tentando não acreditar no que eu estava vendo. Os vizinhos contaram que uma moto a pegou na cabeça e fugiu. Ela tinha saído para fazer suas necessidades, já que não fazia no meu quintal, nem na caixinha de areia. Sempre procurava areia na rua e quando acabava, sempre retornava. Desesperada, preocupei em em cuidar dos três filhotes, que precisavam se alimentar. Procurei uma veterinária próximo a minha casa, chorando muito pedi ajuda e informações para tentar salvar os órfãos. A veterinária, com muito boa vontade, me deu as primeiras dicas, me vendeu uma pequena mamadeira e recomendou que eu comprasse um leite em pó especial para filhotes, sem lactose, pois gatos não digerem lactose e com a diarreia, muitos filhotes não vingam. Foram dois meses de muita luta. Eu tinha que estimular a urina e a evacuação após cada mamada, com algodão embebido em água morna. Filhotes, de até um mês de vida, não fazem suas necessidades sozinhos. As mamães gatas, que estimulam com lambidas. Eles dormiam, no meu quarto, ou na cozinha, em uma caixa bem quentinha, onde coloquei uma luminária para aquecê-los. Mesmo com tantos cuidados, tiveram duas infecções: urinária e gastrointestinal. Foram medicados, tomaram dois antibióticos. Ficaram lindos, espertos, e eram a cópia da mamãe Juju. Não quis ficar com nenhum, porque não queria mais sofrer. Consegui pessoas para adotá-los muito rápido, porque eram lindos demais.
Nos outros tópicos, deixarei dicas bem valiosas para quem precisa cuidar de filhotes, principalmente órfãos. Os veterinários me disseram que consegui uma façanha incrível, pois, gatinhos raramente sobrevivem sem a mãe. Eu consegui... Tudo resultado do meu amor e dedicação. No fim de dois meses, eu estava um 'bagaço', cansada ao extremo, mas foi gratificante. Deixo fotos da Juju antes da gravidez, já barrigudinha e sonolenta e dos seus filhotes. Observem que ela era especial, tinha um risco no focinho, uma pequena má formação que a deixava ainda mais fofa.
Ela só queria saber de comer e dormir rsrsrs... |
Juju quase no dia do parto... bem redondinha... |
Os filhotes mamando na mamãe gata, caixa bem escurinha |
Eu, dando madeira pros órfãozinhos... |
Já maiorezinhos, com quase dois meses... |
Eles adoravam a mamadeira... tinha até briga... |
A vida de Juju colocou lágrimas em meus olhos. Obrigado por colocar uma história de vida, uma história de amor, em belas palavras. Muito obrigado
ResponderExcluirObrigada pela visita, pelas palavras e pela sensibilidade ao se identificar com a minha história com a Juju!
ExcluirEsse animal realmente tinha uma 'alma' muito bonita. Tenho certeza, que ela foi enviada pelo mundo superior, para encher de luz a minha vida, mesmo que por pouco tempo.
Mais uma vez, obrigada!